REPORTAGEM
_ OS RESULTADOS DO TESTE DE LISBELA
Minha Mãe é uma Peça e Olga.
Apenas 4 filmes foram aprovados em todos os critérios do Teste de Lisbela. Sendo 3 deles protagonizados pela mesma personagem, a Dona Hermínia.
Durante o ano de 2023, Ana Julia Oliveira e Mariana Colpas analisaram uma amostra de 52 filmes lançados entre 2000 e 2020 com mais de 2 milhões de espectadores nos cinemas, com o intuito de compreender a representação feminina no cinema nacional.
Vale lembrar que a amostra começa com a Retomada do Cinema Nacional e termina com o fechamento dos cinemas com o lockdown da pandemia do Covid-19.
Os dados de título, público, ano, produtora, diretor(a) foram cedidos pela Ancine através da Lei de Acesso à Informação.
Os demais foram coletados em sessões individuais assistindo aos filmes da amostra, além de um terceiro avaliador e com critério de desempate entre os envolvidos por maioria.
Posteriormente, foram analisados através do método de estatística descritiva utilizando a linguagem de programação R.
_ OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Os longa-metragens foram analisados com base nos 4 critérios do Teste de Libela. São eles:
_01. Ter ao menos 1 protagonista mulher
De forma que tenha falas, interaja com outros personagens e ocupe papel central na trama.
_02. Com seu próprio arco narrativo
É esperado que a personagem não tenha sua história ligada à de um homem.
_03. Que não se encaixa em um estereótipo de gênero
Ela deve ter uma narrativa que não seja definida apenas por ser mulher.
_04. Que não faça parte de um grupo de privilégio social
Não deve ser branca ou heterossexual ou magra ou cis-gênero ou católica ou evangélica.
Os que passaram em todos os parâmetros receberam o selo de aprovação ao lado.
Selo de aprovação do Teste de Lisbela.
A jornalista Natália Bridi, no entanto, alerta sobre a importância dos critérios do teste não se tornarem limitadores quando se trata do cinema nacional. Neste caso, também deve-se levar em consideração outros fatores, como questões econômicas, sociais e políticas de cada narrativa.
_A AMOSTRA
Veja quais filmes foram analisados peloTeste de Lisbela:
Pôster dos filmes analisados pelo Teste de Lisbela.
Imagem: Reprodução.
Dos 52 filmes listados acima, 20 não têm uma personagem feminina de destaque na trama. Das que são protagonistas, aproximadamente, 60% não são donas de sua própria história, essas têm seu arco narrativo pautado pela motivação do homem.
Além disso, 15 dessas personagens femininas acabam aprisionadas por estereótipos de gênero. Nenhuma delas é preta, parda, indígena ou amarela. Nenhuma é uma mulher LGBTQIAP+.
dos filmes têm protagonista mulher.
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das protagonistas têm seu próprio arco-narrativo.
das protagonistas não sofrem com nenhum estereótipo de gênero.
_a análise
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das protagonistas não fazem parte de um grupo de privilégio social.
_A NARRATIVA
Entre 2000 e 2020, as histórias sobre homens têm mais tempo de tela que as femininas. As protagonistas mulheres começaram a ganhar maior espaço nos cinemas só a partir de 2008.
Além disso, as histórias protagonizadas por mulheres também levaram uma quantidade de público menor aos cinemas. Confira no gráfico ao lado.
Dos 52 filmes analisados, 22 protagonistas mulheres acabaram aprisionadas por estereótipos de gênero. Confira ao lado os que foram mais frequentes.
_OS ESTEREÓTIPOS
_O BACKSTAGE
Dos 52 filmes analisados, apenas 6 foram dirigidos por mulheres. Todas brancas, cis, do sudeste dos 27 aos 53 anos. Vale ressaltar que 2 deles são uma co-direção entre mulheres e homens. Os demais 46 filmes foram dirigidos por homens com mais de 40 anos, brancos, cis-gênero, a maioria em relacionamentos heterosexuais e naturais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo ou Brasília.
De todos os longas, apenas a franquia "Meu Passado Me Condena" foi dirigida e roteirizada por mulheres. No entanto, nenhum dos dois filmes passou no Teste de Lisbela. Outros 9 filmes também foram roteirizados por mulheres e apenas o filme Olga foi aprovado em todos os critérios.
De 2000 a 2020, apenas 4 mulheres dirigiram filmes no mainstream.
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Todas as personagens femininas retratadas por diretoras tem seu próprio arco narrativo.