REPORTAGEM
_ OS CLICHÊS DA REPRESENTAÇÃO FEMININA NAS TELONAS
A feminista, a Femme Fatale e a Bela, Recata e do Lar.
Exatamente 30% das personagens femininas que estão em um papel de destaque acabam aprisionadas por estereótipos de gênero. Isso quando analisamos os 30 filmes que contam com uma protagonista no elenco e que estrearam entre 2000 e 2020 com mais de 2 milhões de espectadores nos cinemas.
Em algumas das vezes, as personagens da trama acabam tendo seus feitos pautados apenas pelo fato de ser mulher. Os papéis femininos tendem a seguir a ideia da perfeição em aparência, que cuida de si, cuida da casa e dos homens ao seu redor.
Cenas de filmes brasileiros.
Imagens: Reprodução
_O QUE É UM ESTEREÓTIPO DE GÊNERO?
No livro “Entre Santas, Bruxas, Loucas e Femmes Fatales - (Más): Representações e Questões de Gênero nos Cinemas” de 2020, Sandra de Souza Machado define esses estereótipos como “signos representacionais com fim de estabelecer significados e mensagens subliminares limitadoras, ou uma visão padrão para a humanidade, ou parte dela.”
A diretora e roteirista Carla Villa-Lobos acredita que o audiovisual reforça e perpetua essas noções limitadoras dedicadas às brasileiras.
Ouça no áudio abaixo:
No mainstream o cenário da representação da mulher é ainda mais caricato. Segundo a crítica de Cinema e TV, Natália Bridi, este tornou-se um local limitado para discussões de gênero.
_ O PORNOCHANCADA
Cartazes dos filmes mais populares do Movimento Pornochanchada.
Imagem: Reprodução.
No Brasil, o histórico da representação feminina retrata personagens pouco elaboradas.
A exemplo disso, relembramos a década de 70 e as produções da Boca de Lixo, região não oficial de São Paulo e antigo polo cinematográfico dos anos 20 aos 30, que tornou-se um reduto do cinema independente brasileiro e referência na produção do Pornochanchada.
Esse termo é usado para classificar o gênero do cinema brasileiro que tinha como objetivo principal exibir o corpo da mulher em situações eróticas e relacionadas ao desejo masculino.
_OS ESTEREÓTIPOS
Com o passar dos anos e a visibilidade da luta feminista, a construção social do papel da mulher foi gradativamente mudando. No entanto, alguns estereótipos continuam a aparecer nas grandes narrativas do cinema brasileiro.
A partir de estudos de Sandra Machado de Souza, de Eulália Isabel Coelho, Jéssica Agostinho e Kleyton Steinbach e uma curadoria de Ana Júlia Oliveira e Mariana Colpas, criadoras do Teste de Lisbela, existem 10 estereótipos no cinema brasileiro.
Conheça os 10 estereótipos de gênero que foram levados em consideração no Teste de Lisbela: